Ajoelhou, agora reze!

Veio aqui buscar não sei o que, não há nada de interessante aqui, só veio perder seu tempo, desligue o computador e vá ler um livro.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Um copo com vinho, um copo com batom.

     Amantes solitários murmuram canções nas noites silenciosas,
     Compram batons que não beijam os filhos.
     É triste a música que lhes acontecem.
     Bebem, transcendem os passos e, descompassados, o chão lhes falha.
     Os muros, agressivos, lhes socam a cara.
     Os postes lhes beijam a boca, sem batom.
     Com os sonhos desfigurados, sentem-se realizados.
     Batons vêm e vão, nenhum há de beijá-los,
     Haveriam famílias de bactérias no domínio, à destruição.
     A destruição, um único batom durante toda a madrugada,
     A mesma boca embriagada, o mesmo espaço, um mesmo abraço!
     Um batom feito de ruga, uma boca feita de pele.
     Uma canção de aço que lhes fazem um corte num traço.
     Amargurados, lágrimas lhes correm nos braços.
     Um batom que não derrete na boca que se beija,
     E tudo é saudade e tudo é solidão!

Saúde, à idade da saudade, profunda.

     Essa saudade é você e é toda feita por você,
     Dos teus olhos, teu cheiro, teu cabelo,
     Estes que me permanecem como lembranças abstratas,
     Feitios e feitiços vagos, vãos.
     Anseios perigosamente acumulados.
     Esse teu jeito de menina me protege,
     Me amansa, nos seus braços, me aquieta.
     Ainda me esqueço da tua voz tecida em fino tecido,
     A que sussurrou palavras de amor sem sentido.
     Teu cheiro se perde de sua pele clara e me cobre
     Feito cobertor nessa noite fria que me esquece de aquecer.
     Seus carinhos ainda estão comigo
     E deixam-me insone, mas por ventura, ainda sonho.
     Sua falta vive, intensamente, em meu corpo.
     Na minha alma viva vive sua vida
     E simultâneamente morro em meu pensamento.
     E minha alma morta pensa em seu corpo cheio de vida,
     Agoniza, cheia de solidão, cai no esquecimento!

terça-feira, 21 de junho de 2011

Apneia do sono.

     Ontem esperei ela ligar, 
     Esperei uma ligação de alguém dizendo que me ama, 
     Uma ligação que me despertasse no meio da madrugada, 
     Mas me frustrei quando, às cinco da manhã, 
     Olhei no telefone e ela não havia ligado.
     Tinha eu tido um sonho triste, quase chorei.
     Eu devia ter chorado!
     Mas não sinto falta de ar,
     Sinto falta dela.
     Quase calmo retomo meu sono,
     Um tanto frustrado.

Solução à falta, saudade!

     Menina, quando estou só
     Sinto um toque suave em meu corpo,
     É você!... É a saudade!
     A saudade que aperta demais meu coração
     E faz meu corpo frio desejar teu abraço.
     Me aperte forte, quero sentir teu 

     Coração em ritmo com o meu.
     Nunca ficamos muito tempo,
     Sempre acaba esse nosso sossego.
     Nunca é o suficiente para matar a saudade

     Que sempre volta quando estou sem ti.
     Tentarei levar o gosto de tua boca,
     O cheiro do teu suor em contato com o meu.
     Levarei, além de tua doce lembrança,
     A certeza de que não seremos apenas um instante

     Como lembranças que são esquecidas,
     Seremos cicatrizes nas faces, feita por um cintilante punhal.

     Cicatrizes, daquelas que sempre haverá
     Alguém perguntando como aconteceu e que,
     Quando não haver quem pergunte, involuntariamente
     Lembraremos como ocorreu após olhar nossas faces.
     Assim sentiremos que nossa felicidade é real.
     Te amo, minha menina!

Alma livre.

     Desde pequeno, enfrentei muita dificuldade
     E a maior delas ainda está comigo.
     Cheguei ao mundo escrevendo minha própria poesia,
     Uma escrita desconhecida,
     Não quero escrever o que todos já leram.
     A experiência da minha vida traz raízes comovidas,
     Com fatos nada acomodados.
     Minha cultura é uma ferida que não tem cura
     E, como se não bastasse,
     Falta-me cultura pra cuspir na estrutura!
     Percebo em mim uma resistência ignorante quanto ao novo,
     Quanto ao povo, pois é muito mais seguro beijar um conhecido.
     Falta-me a  vontade de interagir com as tendências
     E assim finjo fugir do conveniente,
     Que abraço nas noites escuras.
     Tudo tem muito a oferecer
     E aos poucos vou mudando.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Senhor Sol.

     O meu sonho é tão bonito
     E queria continuar dormindo,
     Mas sempre vem o Sol me acordar.
     Senhor Sol, preciso descansar desse mundo,
     Esse mundo trabalhoso é muito cruel.
     Preciso sonhar para sorrir,
     Prefiro continuar dormindo.
     Não quero abrir meus olhos 
     E voltar a enxergar.
     Com medo do futuro,
     Um muro cinza me esconde o horizonte
     E minhas dúvidas infames são tão imaturas
     Que me fazem exalar um mau cheiro.
     Sempre, à noite, não vejo a hora de sonhar,
     Mas sempre vem o Sol esclarecer meu dia.
     Sonho, sonho com o Sol dormindo comigo.

A massa, a maça, a maca!

     O amor efêmero é mesmo amor?
     Cada amor com seu amante,
     Cada autor com seu romance,
     Nessa literatura ingênua
     Criamos ilusões, causamos lágrimas.
     Damos sentido a vida, ouvindo e dizendo
     Que amar é bom, mas quem não ama está morto?
     Será o amor um sentimento humano?
     O amor só pode ser coisa divina,
     Ironicamente duradouro e efêmero,
     Apenas paixão, apaixonante!
     Fingindo que nada acontece, se leva, o amor,
     Tornando a paixão algo impossível, o amor.
     E a felicidade que nos torna, retorna,
     Quando se ama. Vamos aceitar nossa paixão
     E assim, instantaneamente, sejamos felizes,
     Sejamos breves, sejamos falhos, sejamos fracos!
     Construiremos uma família normal
     Com nossa hipocrisia humana
     E tardiamente nos descobriremos
     Pessoas cansadas de tudo, veremos que não somos só nós.
     O amor exige ganância!
     Com esse pensamento e sentimento fingiremos 
     Eternamente felizes, por momentos fingiremos melhor,
     Por outros deixaremos claro esse fingimento,
     Mas no fim será tudo superado com amor.
     Fingir é um ato de sobrevivência, um ato de caridade,
     De amor ao próximo.
     Uma atitude lúcida é loucura, seria como tirar a roupa
     E sentir frio e permanecer nu, é lúdico, nostálgico.
     "Uma vida não basta ser vivida. Ela precisa ser sonhada."
     Vamos ler esses caras que nos fecham os olhos,
     Ignoraremos Bukowski, Freud, Nietzsche, esses que nos abrem a mente.
     Vamos sorrir, pois sorrir é corte na conversa,
     Vamos sorrir, pois somos loucos.
     Há 500 anos atrás iríamos pra fogueira, 
     Seríamos queimados por pessoas que pensam exatamente como nós,
     Mas não têm coragem de admitir o que pensam,
     Então nos queimariam por covardia.
     Eles não são nossos amigos!
     Nos fazem densos, estranhos e interessantes, intrigantes.
     Somos Clarices (Clarice Lispector) e precisamos
     De muita atenção, cuidado e dedicação.
     Somos cotidianos, normais, mesmo com máscaras.
     Mas também somos americanos, somos loucos
     E mostramos ao mundo, sobretudo, nosso lado humano.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Inocência.

     Tenho em memória lembranças
     Que não sei se choro ou sorrio,
     Pois são apenas hipócritas lembranças
     Que não sei interpretar, 
     Nem mesmo de quando são.
     Seria eu uma criança assustada lembrando
     Do monstro sob a cama molhada?
     Psiu! Ninguém sabe.
     Palavras arcaicas as que escrevo
     E que denotam a minha falta de sabor,
     O meu desgosto pelos gostos,
     O meu desejo pelo amor, pelo amor de Deus!
     Palavras cantadas que para mim parecem mágicas
     Fantasiadas por todos ou ninguém.
     Esse caminho me leva a todos os cantos
     E de tanta canção que canto
     Fiquei pouco mudo,
     Fiquei tanto rouco,
     Fiquei muito surdo, 
     Fiquei quase louco.
     Lembrando dos momentos em que fui homem e fui criança
     Lembro do prazer que é viver e viver é amar.
     Inocentemente amo o mundo, amo tudo
     E tudo é Deus
     E Deus é amor
     E Deus é inocente
     E inocente sou eu.
     Já fiz tanta coisa e muita coisa me fortaleceu,
     Várias outras me enfraqueceu e já fiz várias perguntas,
     Umas me responderam,
     Outras eu respondi,
     Algumas ainda pergunto
     E de outras eu já desisti.
     Mas sei que tudo tem resposta, mas nenhum respondendor
     E se eu consegui respondê-las serei professor,
     Explicarei tudo, mesmo o amor, que dizem doer.
     E a razão não é nada, pois é grande a inocência
     De quem tem a certeza do que não diz nada.
     O sonho sempre será a fuga do mundo
     E nos dias encardidos eu fujo, vou pro colo de Deus,
     Aprendo a amar e caio no Mundo,
     No Mundo imundo, no Mundo cruel.
     Vôo com medo até o Céu.
     E tudo é Deus
     E Deus é amor
     E Deus é inocente
     E inocente sou eu.

Engenharia.

     Sim, a vida é curta
     E as pilhas sobrecarregadas descarregam.
     Ainda sonho com o sonho de ganhar mais, muito mais!
     Gosto da [per]versão do meu eu solitário,
     Modo tradicional de vida diferente dos diferentes,
     Mas tenho medo, 
     Quase tudo tem explicação,
     Há um ou mais mistério em tudo
     E nem sempre o Céu é azul.
     Ninguém mais quer explicar porquê
     O coração sempre destrona a razão.
     O Mundo é muito grande pra quem não tem visão,
     Para quem não tem destino ele cabe na palma da mão. 
     O coração sempre vence a razão, 
     O que não tem explicação ninguém precisa explicar.
     Os dias passam e não cessam a confusão 
     E no meio da madrugada pensamentos vêm e vão. 
     O coração nunca cansa da canção
     E o que está escrito ninguém precisa entender.
     Cada um tem do próximo somente o que pode doar,
     Pode ser pra sempre, pode acabar já,
     Pode ser perfeito ou pode ser ilusão.
     O meu tempo não é meu, certeza?
     Não sei mais o que fazer.
     Tenho pouco, quase nada, mas é meu.
     Paralisado, ganho tempo, inseguro,
     Talvez eu só queira acabar com o que não tem fim,
     Desejando que não tenha mesmo fim.