Ajoelhou, agora reze!

Veio aqui buscar não sei o que, não há nada de interessante aqui, só veio perder seu tempo, desligue o computador e vá ler um livro.

domingo, 10 de julho de 2011

Drama, cama, ama, lama!

     Te olho com vários olhos
     E falo tantas palavras,
     Conto tantas mentiras.
     Te olho desesperadamente,
     Olhar triste, olhar louco.
     Lanço meu olhar aos filmes clássicos
     E fico tão diferente,
     Sem motivo algum abraço-lhe e choro.
     Não acredito em mais vezes,
     Em mais vidas, em novelas.
     Não acredito mais em mentiras!
     Fora do palco não preciso encenar,
     Sou um ator medíocre, sujo
     E estou pensando em me aposentar.
     Faz parte do meu enredo te amar,
     Mas você nunca faz do jeito certo,
     Então sempre fico preso nessa cena.
     Um teatro precisa mesmo dum alguém
     Que saiba engendrar bons dramas,
     É disso que a mídia gosta.
     Adoram essa minha torre de amor impossível,
     Adoram quando morro de saudade,
     Quando sofro, quando te humilho.
     Sou um ator medíocre, mas surpreendo muitos
     Com essa minha capacidade de decorar os textos
     Com tamanha verdade que parecem terem sidos
     Escritos por mim, eu, eu mesmo!
     Não posso te olhar
     Enquanto estiver ensaiando.
     Sou um ator medíocre e não sei muito bem
     Quem realmente sou, o mocinho ou o vilão.
     Depois te dou um abraço, um abraço
     Que gritará muitas coisas abafadas,
     Um abraço profundo que lhe ferirá a alma.
     No palco, nossas bocas loucas, mortas de sede,
     Se encontram e começam a encenar,
     Roçar de línguas, encontro de dentes,
     Mordidas indolores, realização duma
     Vontade acumulada.
     Quero seus olhos comigo, quero seus olhos nos meus,
     Mas eles passeiam na rua movimentada
     E cheia de pessoas sinceras,
     Pessoas que têm amores, pessoas que sentem dores,
     Que sabem sorrir, pessoas de verdade,
     Que não precisam de personagens.
     Sou um ator medíocre, não tenho alma,
     Deus a levou, agora sou apenas um corpo vazio.
     Sou um boneco fantoche movimentado por suas vontades,
     Queria mesmo era ficar parado, com mais tempo
     Para lhe enfeitiçar, mas você não permite.
     Não tenho diferença entre os demais,
     Estou perdido entre minhas máscaras.
     Fingir cansa, mentir me basta.
     Não tenho dom para atuar, tampouco escrever.
     Sou o dono da verdade e sei mentir muito bem.

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