Ajoelhou, agora reze!

Veio aqui buscar não sei o que, não há nada de interessante aqui, só veio perder seu tempo, desligue o computador e vá ler um livro.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Máscara.

     Agora já durmo e acordo sempre na mesma hora,
     Faço sempre as mesmas coisas e observo
     Diariamente, sempre, a mesma paisagem.
     Sempre digo o mesmo "eu te amo",
     Para a mesma pessoa.
     Possivelmente acredito que estou feliz,
     Nem mesmo essa rotina desgastante, cheia de
     Tarefas supérfluas, me incomoda mais.
     Aconteceu em mim uma transformação,
     Joguei fora os repelentes que afastavam
     De mim as almas aprisionadas no tempo.
     Sinto-me aprisionado no tempo!
     Eu que fugia do estereótipo conformista
     E regular das pessoas sou, agora, mais
     Um na multidão, sou agora milimetricamente
     Igual a eles, com sonhos e atitudes iguais.
     A repetição dos dias me deixou assim.
     A única coisa que ainda me difere deles
     É essa máscara imponente que insisto em
     Manter sobre minha face.
     Talvez sejam todos assim, somente máscaras.

domingo, 13 de novembro de 2011

Em meados de hipocrisia.

     Ao pungente orgulho me entrego
     Por prazer fatídico;
     Um prazer totalitário e contundente,
     Uma virtude visivelmente selvagem e fria.
     Eu era de carne e ninguém me comia,
     Agora sou de pedra e todos me adoram.
     Eu era opaco mas ninguém me via.
     Sou um sonho e não quero nada que seja real,
     Sou um movimento telecinésico de trezentos amperes
     Com uma instabilidade afortunada por emoções
     Dissimuladas nos antros do meu corpo que sonha.
     Com essa minha vicissitude
     Torno-me uma desafinação dos belos tons,
     Uma falsa nota nas notas.
     Com meu jeito peculiar sou, agora,
     Perseguido e devorado por aqueles
     Sórdidos de outrora.
     Sou o biscoito devorado vorazmente
     Pela boca egoísta,
     Julgada pelos olhos dos irmãos.
     Sou a boca que sorri dos olhos que choram.
     Sou o prato que se come frio
     E estou a te esperar, pois, quando faminto,
     Sei que virá me apreciar.

sábado, 12 de novembro de 2011

Eu, agora!

     Agonizo se penso
     No tempo da mente
     E na origem das coisas,
     Sinto-me inseguro
     E dos pensamentos fujo.
     Fujo da vida para
     O meio do vão,
     Como se estivesse no mar
     Sem sentido, sem direção.
     Não posso ficar perdido
     No fundo do mundo como
     Um ermitão com medo de tudo.
     Preciso conhecer minha face
     E representá-la num desenho
     Que dela farei, com sorriso.
     Em mim nada está como é
     E tudo é um tremendo 
     Esforço de ser,
     Ser como eu quero ser,
     Ser sem saber como sou!

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O grito.


     Tudo tem seu tempo,
     Mas o tempo de tudo é curto
     E é por isso que tudo acaba.
     Irado! Fatigado, por ser estuprado
     A cada esquina do Sistema.
     Nunca fiz questão de ser feliz,
     Sequer acredito em felicidade,
     Mas odeio quando destroem
     Os planos que fiz.
     Assim, fazem de mim
     O que eu mais odeio
     E odeio muito tudo isso!
     Eu sou inocente.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Amor real.

     Você saiu dos meus sonhos e chegou,
     Vestindo simplicidade, amor e ternura.
     Se tornou o meu amor, amor puro!
     A suavidade da sua voz me faz tremer,
     Ao ouví-la, perco os sentidos,
     Seu perfume me inebria.
     Sonho real, assim grito ao mundo:
     O amor verdadeiro existe!
     Nossas mãos entrelaçadas,
     Nossos olhos se comunicando,
     Nossos lábios famintos uns dos outros
     E a noite pára em festivo silêncio,
     As luzes dançam comemorando nosso encontro.
     Tristeza e felicidade,
     Desejos antigos sendo realizados.
     É a vida a escrever nova história,
     É você, com amores guardados a me oferecer,
     Eu, com desejos antigos a receber,
     Com medo, sôfrego, deliberadamente!
     O amor em nós não se consumirá
     Nem mesmo quando se expirar a vida.
     Eternizaremos o sentimento,
     Pois o sonho efêmero possui
     Um forte elo com o amor sincero,
     Unidos em nós, se realizou!

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Crise existencialista.

     Há muito encostei meu cérebro no conforto
     E fiquei acomodado, sem pensar.
     Me levantei do mundo inteligível e me deitei no mundo sensível,
     Deitado, minha mente perece na ignorância.
     Estou covardemente preso, condicionado a assistir
     Com desgosto as horas crepusculares.
     Com a mente ofuscada pelo lusco-fusco,
     Fico preso nessa caverna de crenças e ilusões
     E faço das sombras a minha realidade.
     Sinto-me preso ao mundo subterrâneo
     E nesse império dos sentidos, captado pela subjetividade,
     Não consigo ver a luz! Mas vejo, assisto
     E sou dominado pela subjetividade.
     Sou um homem comum, um demente e moribundo demiurgo
     Preso ao anfêmero, desprezível cotidiano!
     Minha geografia é limitada a esse espaço físico onde caibo,
     Preso na escuridão, sem ter como me admirar, admiro outros zumbis.
     Olhando apenas a parede à minha frente,
     Sou dominado pelas sensações e pelos sentidos mais primários,
     Um completo ignorante.  

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Amor:


Amor:
A palavra vem do latin amore
que significa desejar, gostar.
Sua acepção mais comum indica uma
forte atração por uma pessoa de outro
sexo. Apresenta uma grande variedade de
comportamentos e reações, também pode
ser entendido como um sentimento de
devoção ao outro ser ou coisa, seus
sinônimos mais utilizados são: zelo,
carinho, entusiasmo, paixão, simpatia
e ternura.
É um substantivo abstrato!


Amor:
O que nós chamamos de amor
na verdade não passa de um instinto
muito útil para a preservação da
espécie do homo-sapiens, do mesmo
jeito que a fome e a sede, o amor
faz parte dos instintos biológicos
básicos que visam preservar a espécie.
Esse instinto chamado amor estimula a
aproximação entre dois parceiros sexuais.
Após encontrar um par que satisfaça
alguns requisitos éticos e estéticos,
inicia-se uma troca de carícias leves
denominada namoro, depois dessa fase
começam as carícias mais ousadas e eles
copulam, a fêmea é inseminada, fica
grávida e nove meses depois nascem novos
espécimes.
Amor é isso!


Amor:
O amor é um produto, é um produto
como outro qualquer. Tem vários modelos,
vários formatos, vários preços. O mercado
está muito competitivo até nessas
áreas essenciais!

Amor:
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Amor:
Durante muito tempo se pensou que
o homem sentisse amor através do coração,
era uma ideia totalmente equivocada, hoje
sabemos que o responsável pelos sentimentos
são as glândulas e as terminações nervosas.
Quando uma pessoa pensa que está apaixonada,
o que acontece é que as suas glândulas estão
produzindo uma grande quantidade de anfetamina,
dopamina, norepinefrina, feniletilamina,
oxitocina e, obviamente, trigocenina. Todas
essas substâncias são produzidas no sistema
límbico, uma parte muito primitiva do cérebro.
Biologicamente falando, nós podemos afirmar
que toda aquela euforia provocada pela paixão
é apenas um desequilíbrio hormonal, se essa
sensação permanecer por muito tempo, é bom
consultar um médico!

sábado, 20 de agosto de 2011

Mente.

     A minha boca, agitada, se exibe,
     Seduz uma manga, arregaçada.
     Engole uma puta fruta!
     Exagero singular, descansa, rouca.
     Um gosto de sangue, à língua,
     Esmurra os dentes com sede.
     Me afogo em saliva
     E bebo um barril de vingança.
     Na injúria da doçura,
     Esbarro na loucura,
     Vou embora, vou pro céu.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Racional.

     Ao acordar, fui surpreendido
     Por uma chuva de pensamentos,
     Uma chuva que me evade
     As descrenças e me inunda de razão.
     Lava-me a alma, enferruja-me o corpo,
     Além alma, enferruja-me o coração.
     Sinto-me nublado, desejo-me tempestuoso!
     Sinto que o Sol irá brilhar ao longo da vida,
     Porém, a razão, como que uma frente fria,
     Me deixará eternamente chuvoso e frio.
     Chuva de pensamentos,
     Sacia-me a fome, induza-me à curiosidade.
     Salva-me da certeza, faça-me racional!
   

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Nascido...

     Quando nasci fui expulso do Paraíso,
     Fui abandonado neste mundo cruel.
     Perdido, desamparado, sozinho.
     De fronte ao caos me tornei um homem
     E mesmo que ainda me julguem imaturo,
     Sou grande, egoísta e duro, mas sou grande.
     Desconfortável mundo caótico,
     Numa redoma, preso ao bioma.
     Ainda desamparado, busco momentos
     Onde a beleza alheia seja compartilhada,
     Aos que dividem comigo suas composições,
     Repito-as ao Vento que percorre, digitalmente,
     Todo o bioma que me faz preso à redoma.
     Manisfesto solidão, suplico atenção...
     Desamparo circunstancial em efêmera eternidade,
     Me enlouquece, me padece,
     Jazido no leito, em meu leito,
     Tenho na mente o gene da ilusão
     E, como que por proteção,
     Me envolto à solidão.
     Sozinho, amo o mundo que me fere,
     Mas amo em segredo.
     Amparo, desamparado!

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Noite anormal.

     À noite não entendo nada,
     Tudo se mistura,
     Nada tem explicação,
     Ninguém fala!
     Essa noite acaba.
     Eu, sem fim, sou sombra
     Com fome de mim
     E sem ter para onde ir,
     Sozinho, espero a noite acabar.
     Sentindo que nada me falta, 
     Sinto a falta.
     A noite vazia 
     E a sua falta
     Acabam me deixando assim.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Composição básica duma sobrevivência ardilosa.

     O mundo está contra mim,
     Mas estou na luta,
     Tentando sobreviver.
     Um bárbaro, feroz, audacioso,
     Afim de enfrentar o caos.
     No meio da confusão,
     Me deparo com situações
     Revoltantes, as que me deixam
     Sem estrutura para me revoltar.
     Perco o rumo, sem direção,
     Ajoelho e tento tirar proveito,
     Aproveitando a ocasião,
     Me acomodo com o que me incomoda.
     Sem ter o que fazer, ajoelho.
     Espero sem sentir,
     Não faz sentido,
     Não há sentido,
     Sinto ao dizer,
     Sentimento ao ouvir.
     Não faz sentido ficar mentindo.
     Tudo acontece quase sempre igual.
     Educado, fabricado, acostumado à ilusão.
     Sem encontrar a solução, me iloso,
     Me convenço de que o mundo é melhor à solidão
     E sozinho sou bárbaro, guerreiro, feroz, corajoso.
     Afoito, luto por uma luta mais sangrenta.
     Roubo versos, invento estórias, crio vitórias.
     Conquistei minha paz, perdi a paciência.
     Espero findar os dias e ao me repousar,
     Exausto, findo mais uma batalha,
     Sozinho, com uma garrafa de rum,
     Conquisto mais uma batalha.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Presença fria.

     Meus olhos descansam à noite,
     Minha boca está fechada
     E é contra a minha vontade,
     Mas com as mão atadas
     Não tenho o que fazer.
     Estou sem voz, porém,
     Minh'alma segue agitada.
     Tenho fome, um desejo imenso.
     Sinto frio, me faz falta seus braços,
     Me faz falta minha efêmera morada.
     Explode em mim, como um sentimento,
     A nudez das palavras singulares.
     Explode em mim a lembrança
     Do que o tempo não perdeu.
     Escondido, guardo-o bem escondido,
     Num lugar onde nem mesmo sei.
     Revelarei a mim esse segredo
     E exaltarei minha imaginação
     Com cheiros, sons e toques.
     Doces ilusões!
     Somente me restará as lembranças
     E essas sei que serão eternas.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Mundo crescente.

     Quando nasci esse mundo já era assim,
     Um mundo imundo, um mundo oriundo.
     Na escola não aprendi o mundo,
     Na vida vivi o mundo.
     O mundo é cruel, a vida é difícil.
     O mundo é capitalista, oh céus!
     A roda roda como o mundo gira.
     Na escola escrevo em meu caderno,
     No mundo escrevo minha vida na escola
     E na vida escrevo meu mundo no mundo.
     O relógio gira como a roda roda
     E o tempo passa, girando o mundo.
     Passando o tempo, vivendo a vida,
     Mudando, crescendo, aprendendo o mundo.

terça-feira, 19 de julho de 2011

O amor é egoísta!

     O amor como belo existe como fluxo e não como matéria.
     O indivíduo que está em estado de amor não tem esse estado sozinho.
     A dor é a poupança do amor, um apêndice crescente,
     Não existe amor sem acumulação de dor.
     A própria essência humana tem base na dor, então amar é humano. 
     O mesmo amor que diviniza o ser amado pela sua dor,
     Pode satanizá-lo pelo mesmo motivo.
     O indivíduo que ama tem como base sua existência
     E a entrega nas mãos do ser amado,
     De forma que uma falta cometida pode atacar
     Essa existência que causa dor e se torna a 
     Totalidade minimizada do ser em questão. 
     Isso conclui que o amor como entrega total do indivíduo
     Pode gerar crises no momento que ele
     Interprete isso como um ataque ao seu EU.
     Um conflito gerado entre o EU e o AMOR.
     Somos solitários por natureza, nascemos e morremos sozinhos
     E  quando nos entregamos ao amor criamos projeções
     No outro, o que nos torna impotentes em nossos planos
     E, às vezes, até deixamos de lado  nossa vida paralela, por medo.
     Isso é perigoso e pode nos voltar como ataque ao nosso EU
     Que passa a se sentir não amado, um solitário amante do ser.
     O AMOR é um objeto (sentimento) subjetivo do EU
     E, portanto, podemos notar que a condição de quem ama
     É a mesmo de quem odeia.
     Quem é capaz de amar por si e para si,
    Também é capaz de odiar pelo mesmo motivo.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Labirinto de paixões!

     Me perco na imensidão do teu olhar,
     O cheiro do teu perfume me desnorteia.
     Me enlouqueço em teus braços
     E louco, sou faminto por teus abraços.
     Seu beijo alimenta minha paixão
     Quando teus lábios tocam os meus,
     Me ardo em sentimento bom.
     O amor me domina e explode minha razão,
     Torno-me menino, inocente e teimoso.
     Meu olhar de menino manso
     Admirando tua integridade
     Se perde no horizonte extenso
     De tamanha beleza.
     Alucinado, perco a razão,
     Me torno bicho e lanço-lhe olhares
     Que permeiam esse horizonte
     Em busca da sua essência.
     Me perco na imensidão do teu olhar
     E já perdido, louco de amor,
     Busco outras maneiras de lhe amar!

Cáucaso:

     Caucasiano de óculos olhando o horizonte.
     Caucasiano com óculos vivendo sua rotina.
     Medicado, se divide entre suas roupas tresloucadas,
     Se torna um insano em sua solidão lacônica.
     Bebe leite com achocolatado, suja suas roupas,
     Come macarrão com queijo, suja suas roupas!
     Com a moral em construção se lava com água e sabão,
     Mas não lava suas roupas!
     Admirando o futuro não esquece o passado.
     Um caucasiano de frente, verso e lado.
     Trabalha para viver, vive para trabalhar,
     Se cansa, se descansa e volta a se cansar.
     Canta, deita e dorme,
     Nasce, cresce e morre!

quarta-feira, 13 de julho de 2011

De cabeça para baixo.

     Queria, ao inverso de olhar no espelho
     E lamentar minhas decepções,
     Ter alguém a quem saberia me ouvir
     Em meus momentos mais difíceis.
     Não dou muito valor ou dou valor algum
     As minhas derrotas, o que talvez
     As fará desabar em meu colo dias desses qualquer.
     Exalto-me com minhas conquistas, 
     Apesar de serem poucas, são muitas para mim.
     Não preciso de nada que tenho,
     Não tenho nada do que preciso
     E mais do que aqueles que confiam em mim,
     Eu preciso daqueles a quem eu possa confiar.

Mãe desmamada.

     Sou jovem, já fui bela. Ainda jovem, sou velha devido minha expressão 
     De insatisfação com a vida que tenho. Com meu silêncio banal, descrevo-lhes as
     Minhas feridas que não cessam de sangrar: Mamãe, há tempos não ouço essa
     Palavra. Amor, há tempos não ganho algum carinho. Meu marido,
     Sujeito empolgado com a vida, justo em suas crenças, um alcoólatra que não
     Aceita fracassos, não admite seus erros. Um homem admirável, 
     Apesar de sempre ébrio e revoltado nunca me bateu, apesar de já ter tentado
     Duas vezes, mas recuou quando eu, assustada, me demonstrei agressiva
     E prometi matá-lo se avançasse, portanto recuou, pois sabia que eu não estava
     Brincando. Meu filho mais velho, com esse eu poderia contar,
     Até o descobrir um corrupto traiçoeiro, mas disso eu já sabia, no fundo eu sabia
     Mas não queria acreditar, afinal, um alguém que se junta aos imundos
     Há de está, também, muito sujo. Mas decidi me enganar,
     Confiei nele até ver-me apunhalada,
     O que ele fez não mais me importa,
     Basta-lhes saber que ele não é muito diferente
     Do meu filho mais novo, este que descrevo agora, sempre o que me deu mais
     Trabalho, bem novo se envolveu com as drogas, não sei com que idade,
     Nunca tive a coragem de perguntar. Com os seus amigos traficantes
     Faz da minha casa um antro de vadios viciados e por conta disso
     Não posso trazer aqui as minhas amigas, ousadia minha as chamá-las assim
     Quando são apenas velhas gordas paroquianas que ostentam uma corrupta
     Estrutura moral e têm como passatempo preferido falar mal daqueles que como
     Elas, não têm estrutura alguma. Voltando ao meu filho mais novo, por mais que,
     Calada, dou meus gritos silenciosos suplicando para que não deixe mais seus
     Brinquedos (armas e drogas) jogados pela casa, ele finge não ouvir,
     Finge não ouvir meu silêncio revoltado, o que me causa mais revolta.
     Essas são as minhas mazelas e sei que não hão de cicatrizar,
     Porque por mais que a vida seja exigente comigo, não exijo nada de ninguém.
     Só me resta chorar em silêncio, só me resta essa cara triste!

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Escrevo escritos.

     Dentro de mim habitam
     Inúmeras expressões
     E compulsivamente as descrevo,
     As escrevo.
     Busca incessante a mim,
     Em mim, por mim.
     Procuro a melhor rima
     Para a melhor expressão.
     Saltam-me as palavras
     Que preenchem o vazio.
     Inundado, exaltado, desvairado.
     Endoideço com a paz e fujo da calma.
     Pesquiso minha essência
     E me vejo muito sensível,
     Sei da importância
     Da minha ignorância.
     Me expresso com um verso
     E esse verso é amor!

Noite fria.

     Ao som da noite minh'alma se esconde,
     Uma brincadeira perigosa nas horas amargas.
     Lá fora a Lua ilumina a cidade,
     No frio do quarto lamento as lembranças,
     Guardo o rancor, a mágoa, a angustia.
     Sai a noite e vem a madrugada

     E na penúria desabo e choro.

domingo, 10 de julho de 2011

Drama, cama, ama, lama!

     Te olho com vários olhos
     E falo tantas palavras,
     Conto tantas mentiras.
     Te olho desesperadamente,
     Olhar triste, olhar louco.
     Lanço meu olhar aos filmes clássicos
     E fico tão diferente,
     Sem motivo algum abraço-lhe e choro.
     Não acredito em mais vezes,
     Em mais vidas, em novelas.
     Não acredito mais em mentiras!
     Fora do palco não preciso encenar,
     Sou um ator medíocre, sujo
     E estou pensando em me aposentar.
     Faz parte do meu enredo te amar,
     Mas você nunca faz do jeito certo,
     Então sempre fico preso nessa cena.
     Um teatro precisa mesmo dum alguém
     Que saiba engendrar bons dramas,
     É disso que a mídia gosta.
     Adoram essa minha torre de amor impossível,
     Adoram quando morro de saudade,
     Quando sofro, quando te humilho.
     Sou um ator medíocre, mas surpreendo muitos
     Com essa minha capacidade de decorar os textos
     Com tamanha verdade que parecem terem sidos
     Escritos por mim, eu, eu mesmo!
     Não posso te olhar
     Enquanto estiver ensaiando.
     Sou um ator medíocre e não sei muito bem
     Quem realmente sou, o mocinho ou o vilão.
     Depois te dou um abraço, um abraço
     Que gritará muitas coisas abafadas,
     Um abraço profundo que lhe ferirá a alma.
     No palco, nossas bocas loucas, mortas de sede,
     Se encontram e começam a encenar,
     Roçar de línguas, encontro de dentes,
     Mordidas indolores, realização duma
     Vontade acumulada.
     Quero seus olhos comigo, quero seus olhos nos meus,
     Mas eles passeiam na rua movimentada
     E cheia de pessoas sinceras,
     Pessoas que têm amores, pessoas que sentem dores,
     Que sabem sorrir, pessoas de verdade,
     Que não precisam de personagens.
     Sou um ator medíocre, não tenho alma,
     Deus a levou, agora sou apenas um corpo vazio.
     Sou um boneco fantoche movimentado por suas vontades,
     Queria mesmo era ficar parado, com mais tempo
     Para lhe enfeitiçar, mas você não permite.
     Não tenho diferença entre os demais,
     Estou perdido entre minhas máscaras.
     Fingir cansa, mentir me basta.
     Não tenho dom para atuar, tampouco escrever.
     Sou o dono da verdade e sei mentir muito bem.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Utopia.

     Somos todos utópicos,
     Somos feitos de sonho
     E deixamos muitos sonhos
     Esquecidos em algum tempo no passado,
     Estes, às vezes, nos são nostálgicos.
     Somos caçadores de sonhos,
     Os criamos e por eles somos criados.
     Assim vivemos, assim sonhamos
     E é bom sonhar,
     Sonhar com o impossível,
     Sonhar acordado 
     E nem ver o tempo passar.
     Sou um bárbaro sonhador
     E adoro ser surpreendido pela beleza
     Da poesia do sonho que volta 
     Em forma de amor.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Mundeza!

     O Mundo é mais duro para quem vive na solidão,
     Para os que sabem amar ele é apenas gracioso.
     E eu com meus gracejos, riu muito deste Mundo imundo.
     Mas no fundo deste Mundo estou eu, 
     Minhas pernas dobradas, minhas estâncias, em instâncias, elevadas.
     Sou Inácio com inácia desvairada,
     Canto, choro, bebo, grito e morro!
     Moro, moral, mudado, mundano.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Eu quero!

     Preciso dos dois para os dois,
     De todos os livros.
     Todo o tempo que resta
     Dedicado ao conhecimento.
     Um quarto fechado
     Com os livros na cama
     Sem a vida de solteiro
     E com um pouco de dinheiro.
     Preciso do silêncio,
     Dum pouco de escuro,
     De alguém para me ler
     E às vezes me entreter.
     Não preciso de nada,
     Mas quero muito você!

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Um copo com vinho, um copo com batom.

     Amantes solitários murmuram canções nas noites silenciosas,
     Compram batons que não beijam os filhos.
     É triste a música que lhes acontecem.
     Bebem, transcendem os passos e, descompassados, o chão lhes falha.
     Os muros, agressivos, lhes socam a cara.
     Os postes lhes beijam a boca, sem batom.
     Com os sonhos desfigurados, sentem-se realizados.
     Batons vêm e vão, nenhum há de beijá-los,
     Haveriam famílias de bactérias no domínio, à destruição.
     A destruição, um único batom durante toda a madrugada,
     A mesma boca embriagada, o mesmo espaço, um mesmo abraço!
     Um batom feito de ruga, uma boca feita de pele.
     Uma canção de aço que lhes fazem um corte num traço.
     Amargurados, lágrimas lhes correm nos braços.
     Um batom que não derrete na boca que se beija,
     E tudo é saudade e tudo é solidão!

Saúde, à idade da saudade, profunda.

     Essa saudade é você e é toda feita por você,
     Dos teus olhos, teu cheiro, teu cabelo,
     Estes que me permanecem como lembranças abstratas,
     Feitios e feitiços vagos, vãos.
     Anseios perigosamente acumulados.
     Esse teu jeito de menina me protege,
     Me amansa, nos seus braços, me aquieta.
     Ainda me esqueço da tua voz tecida em fino tecido,
     A que sussurrou palavras de amor sem sentido.
     Teu cheiro se perde de sua pele clara e me cobre
     Feito cobertor nessa noite fria que me esquece de aquecer.
     Seus carinhos ainda estão comigo
     E deixam-me insone, mas por ventura, ainda sonho.
     Sua falta vive, intensamente, em meu corpo.
     Na minha alma viva vive sua vida
     E simultâneamente morro em meu pensamento.
     E minha alma morta pensa em seu corpo cheio de vida,
     Agoniza, cheia de solidão, cai no esquecimento!