Ajoelhou, agora reze!

Veio aqui buscar não sei o que, não há nada de interessante aqui, só veio perder seu tempo, desligue o computador e vá ler um livro.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Pedido de casamento!

     É, eu sei que será difícil você acreditar em mim, tive mesmo uma vida imoral, afastado de crenças precisei de mim para ser forte, precisei mesmo da bebida que me foi como uma anestesia para a hipocrisia humana, fui como aquele cara lá, poeta alemão que foi criado nos E.U.A, Charles Bukowski, acho que é esse o nome dele. Ele sim soube viver, assim como eu, conhecedor de boas bebidas, boas raparigas, bons cabarés. Uma vida alegre!
     É preciso ver além da minha tristeza, também tenho os meus medos, por vezes os afogo num barril de tequila ou alguma outra coisa inebriante, mas é isso meu amor, hoje estou tentando me vender, mandei meu melhor terno para a lavanderia, cortei meu cabelo e unhas, fiz a barba e estou procurando emprego. Tudo por você, filha de bom pai. Me aceite assim como sou, não prometo largar a bebida, porém juro reduzir os porres, se quiser também aprendo a dançar para te acompanhar naquele baile que tu tanto gosta de ir, aquele lá onde só freqüenta os respeitosos granfinos, não farei você passar vergonha, prometo com o meu primeiro salário comprar um terno novo e vou me comportar, é, estou preso a você, admiro seu sorriso! Me aceite, me aceite!? 
     Farei tudo por ti, construirei uma casa pra gente, com um belo jardim, como  aquele  que vi num filme, criaremos nossos filhos - mais você que eu, um diabo  mal criado que nem teve boa educação - que terão belos nomes, quero um menino e uma menina, terão belos nomes, sei que terão. É isso que sou, minha amada, não vou mentir, não esconderei meu passado sórdido de ti, é isso que te ofereço, meu corpo sem copo, desta vez, limpo e perfumado, me aceite, me aceite!?
     Prometo também trocar meu destino nas manhãs de Domingo, te acompanharei sim à igreja, estou até aprendendo a rezar, a Dona Lúcia, proprietária do cabaré da rua São Paulo está me ensinando. Veja só, minha amada, estou até aprendendo a ler, queria eu ter o dom da escrita como este poeta amigo que escreve esta carta para mim, você iria gostar de conhecê-lo, ele sempre está aqui, no carabé do Seu Adão, um dia te apresento ele, prometo que tu vais gostar. Me aceite, me aceite!?
      Acredite em mim, minha amada, desde a primeira vez que te vi, quando derrubei tequila em seu vestido quando me esbarrei em ti, quando tu saia da igreja, desde aquela vez, ainda sinto o seu perfume, apesar de ter sido ontem à tarde, ainda me lembro do teu suave cheiro, me aceite, me aceite!?
     Apesar de eu ser vadio, conhecedor do sexo vulgar destas mulheres da vida, nunca me entreguei por completo a elas, mas para ti sim me entregarei, sem medo, te darei tudo o que tenho, pode não ser muito. Mas sei que irá gostar, essas raparigas sempre gostam do meu rebolado, não estou mentindo, pode perguntar a elas se quiser, te farei satisfeita, me aceite, me aceite!?
     Espero sua resposta, minha amada, com uma farta esperança de que tu irá me aceitar, senti quando você me lançou aquele olhar ontem, quando bêbado, me esbarrei em você, as suas palavras me foram surpreendentes, ninguém nunca tinha me falado aquelas belas palavras, guardei comigo suas doces palavras, sua bela voz, de que foi que me chamou mesmo? Não me lembro, mas aquele teu olhar abrasador me cativou, me aceite, me aceite!?
       Enfim, minha amada, te esperarei  na porta da igreja todos os dias, até estarmos juntos, te ensinarei a me amar, me aceite, me aceite!?

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